Saiba o que é iniciativa Fast Track Cities

A Declaração Conjunta “Cidades na Via Rápida para Eliminar o VIH” foi assinada por mais sete municípios esta quarta-feira, dia 10 de outubro, na Assembleia da República. A Cascais, Lisboa e Porto juntam-se agora Almada, Amadora, Loures, Odivelas, Oeiras, Portimão e Sintra.
O ministro da Saúde, Prof. Doutor Adalberto Campos Fernandes, abriu a cerimónia, que decorreu na Sala do Senado da Assembleia da República e que oficializou a entrada de Almada, Amadora, Loures, Odivelas, Oeiras, Portimão e Sintra na via rápida para acabar com a epidemia VIH/SIDA. Sublinhou a “parceria virtuosa” que envolve a comunidade e os municípios e referiu-se aos autarcas como os “melhores mediadores” nesta iniciativa lançada em Paris, no ano de 2014, e à qual já tinham aderido Cascais, Lisboa e Porto em 2017.
Apesar da redução de 54% no número de novos infetados pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) entre 2008 e 2016, Portugal continua a apresentar uma das mais elevadas taxas de incidência de infeção por VIH da União Europeia.
O combate ao VIH é, por isso, uma das prioridades deste Governo, que tem empenhado esforços para melhorar e inovar na qualidade dos dados, na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento.
Levando em consideração as especificidades existentes no território, tendo presente que mais de metade dos novos casos de VIH se registaram na Área Metropolitana de Lisboa, e considerando ainda a mais-valia da proximidade, a adesão das cidades em causa à iniciativa «Fast Track Cities» afigura-se como uma peça-chave.
As cidades encontram-se em posição privilegiada para liderar as ações locais de combate a esta epidemia, com impacto global, acelerando assim a resposta ao VIH, de forma a atingir, até 2020, as metas da ONUSIDA (90-90-90):
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90% das pessoas infetadas com VIH diagnosticadas;
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90% das pessoas diagnosticadas a receber tratamento;
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e 90% das pessoas em tratamento com carga viral indetetável.
Portugal já atingiu duas destas três metas: mais de 90% das pessoas com VIH estão diagnosticadas e mais de 90% das que estão em tratamento já não transmitem a infeção. Um feito elogiado e reconhecido pela Organização Mundial da Saúde.
Com o apoio dos municípios e da sociedade civil será mais fácil conseguir que 90% das pessoas diagnosticadas estejam em tratamento e eliminar a epidemia do VIH até 2030.
A Dr.ª Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, evidenciou os “extraordinários progressos verificados ao longo dos anos, que mostram que Portugal está no bom caminho” na luta contra o VIH/SIDA e prestou uma homenagem à Prof.ª Doutora Odette Santos Ferreira pelo seu papel na investigação da infeção e não só. Focou, por exemplo, a criação do programa da troca de seringas, que ajudou a reduzir a infeção entre os utilizadores de drogas injetáveis e no âmbito do qual já foram recolhidas 56 milhões de seringas.
O enquadramento da infeção foi feito pela Dr.ª Isabel Aldir, diretora do Programa Prioritário para a área da Infeção VIH/SIDA da DGS, que também vincou a contribuição das autarquias na luta contra a SIDA. Segundo referiu, o pico do número de casos em Portugal ocorreu em 1999, tem vindo a decrescer. Porém, continua a ser um dos países com maior número de casos da União Europeia. “Há ainda muito a fazer”, frisou.
Antes da assinatura da Declaração Conjunta “Cidades na Via Rápida para Eliminar o VIH” fizeram comentários sobre a adesão à iniciativa a Inês de Medeiros (presidente da Câmara Municipal de Almada), a Susana Santos Nogueira (vereadora da Câmara Municipal de Amadora), o Gonçalo Caroço (vereador da Câmara Municipal de Loures), o Hugo Martins (presidente da Câmara Municipal de Odivelas), o Francisco Rocha Gonçalves (vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras), a Isilda Gomes (presidente da Câmara Municipal de Portimão) e o Eduardo Quinta Nova (vereador da Câmara Municipal de Sintra).
Intervieram ainda nesta cerimónia Gonçalo Lobo, em representação do Fórum Nacional da Sociedade Civil VIH SIDA, Tuberculose e Hepatites Virais, e Tim Martineau, diretor da ONUSIDA. A palavra final foi do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Fernando Ferreira Araújo, que também prestou a merecida homenagem à Prof.ª Doutora Odette Santos Ferreira, sublinhando o legado que deixou.
“Sem autarcas, sem a comunidade e sem o Prof. Doutor Kamal Mansinho não estaríamos aqui”, afirmou e frisou que a organização do evento na Assembleia da República foi simbólico e mostra “o apoio que existe na luta contra a infeção VIH/SIDA e hepatites”. Lembrou igualmente a elevada taxa de incidência e a urgência de se mudar o paradigma e fez referência a um “marco histórico no combate à epidemia: a disponibilização de testes para VIH e hepatites nas farmácias para serem realizados pelos utentes em casa”.